Na última década, muito se falou que grande parte das organizações foi lançada para uma arena mercadológica a qual não estavam 100% preparadas para atuar. Como resultado, isso impulsionou investimentos e iniciativas de transformação digital em uma velocidade incomum.
Como as empresas não passam de CNPJs, o que aconteceu foi que o impacto, na verdade, aconteceu diretamente com as pessoas que trabalham para estas empresas. Algumas com projetos ousados e engavetados ganharam espaço e luz. Outras tiveram de se reinventar. Há ainda aquelas que não estão entendendo o que está acontecendo.
O fato é que este panorama impactou e impactará a carreira presente e o futuro do trabalho de todos nós. Ao meu ver, saíram na frente os profissionais que há tempos atrás buscaram ter acesso a novos conhecimentos. São os chamados transdiciplinares, que viveram diferentes experiências – principalmente as baseadas em tecnologia – e que souberam formar uma rede de contato eclética ampliando os seus ecossistemas.
Acho engraçado, pois vi muitos destes profissionais sofreram “bullying” corporativo pelo fato de se movimentarem em busca do novo, inclusive investindo do próprio bolso. Neste momento, são alguns destes profissionais que estão fazendo a diferença.
O que estes profissionais desenvolveram de especial, e por isso o mercado de trabalho passou a dar mais valor para eles, é o seu pensamento digital e a capacidade de ler cenários futuros. Abaixo clarifico mais estas características:
Não linear
O pensamento destes profissionais não é linear. Ou seja, as coisas não acontecem necessariamente sempre em etapas, quando uma tarefa acontece e a próxima vem logo a seguir. São pessoas que não trazem resistência e acreditam em multipolaridade e em funções simultâneas.
Não repetitivo
O pensamento deles não é repetitivo. Por isso, acreditam que uma mesma pessoa não deve fazer sempre a mesma tarefa. Ao contrário, quanto menos for repetitiva, melhor será o desempenho naquela atividade. Não é uma lógica de um especialista.
Não segmentado
No pensamento deles cada tarefa não é feita por uma pessoa ou por um grupo delas. As estruturas para a execução das atividades não são departamentalizadas. Existem conexões em projetos, pessoas e áreas, mas não como em uma “linha de montagem” e sim pelas trocas, pelo ecossistema, pelos desafios.
Imprevisível
Para essas pessoas, o pensamento deve ser imprevisível, porque nem todos os produtos e serviços devem ser iguais.
Percepção Social
A percepção social destes profissionais, ou seja, leitura da mente dos outros, está acima da média. Eles “percebem” o olhar do outro, mesmo quando outros não falam.
De um modo geral é a intuição humana que deve ser levada em conta. Ela é linear, ao passo que as tecnologias são exponenciais. Por isso as empresas, que também são na sua maioria lineares, têm de ir migrando capital, seja financeiro ou intelectual (humano) para o lado exponencial, se quiserem sobreviver e crescer.
